" Em verdade vos digo :
Seja a Alma grande ou pequena,
escute meu amigo!
Nem tudo vale a pena!"

(zé)

Seio. Série " Eros & Psique"


O desejo pelo prazer:

Força primal,
Quintessência da condição humana
Logo quando nascemos, buscamos o prazer
Matar a sede, a fome...
Satisfazemos o desejo pelo prazer num seio...Daí
nasce a sexualidade.

O seio:

Primeira lembrança do desejo satisfeito
O seio, os mamilos, a auréola, a língua,
[A vida flui alí.]
Satisfazemos nossos desejos uns nos outros
os corpos
se reconhecem em si e em outros corpos

A apoteose titânica da boca aberta, da lingua a acariciar um mamilo é Divina!
[A Vida Flui Alí]
Voltamos a ser crianças, sentimos o primeiro desejo e o primeiro prazer denovo
O seio, elo entre o prazer puro e o profano...Zona livre, domínio de ninguémEstéril, árido, interseção entre passado e presente, real e transcedental...

[A vida flui alí]


Algumas pessoas tem se chocado com essa série de poesias...Digo a elas que eu falo só do que é natural, simples e belo. O sexo, o corpo e o prazer fazem parte da nossa fisiologia, é quase como respirar! Existem tabus, e pessoas que aceitam eles...Mas nemhum bom poeta fez fama os seguindo.O bom poeta deve falar do que é natural e simples, pois essas coisas são universais.

O salto e a queda. Série "Eros & Psique"

Cenário:
O momento,o precipício- O calor fresco da imensidade
A vertigem,como no início- De um vapor seco de liberdade
O segundo,poucos dias- As pedras nuas da orla linda!
O sol pálido,sem alegrias- Porquê tu não saltaste ainda?
**

Era um salto que queria voar!
Uma vertigem de gozo profundo!
Uma espiral delirante no mar!
Fazendo assim se espiralar o mundo!
E mergulhando na onda fria
se entregou ao amante "amar"!
- Largou da corda que te prendia?
E a alma aberta,pôs-se a dançar!

E a menina que então tremia
Voltando a si num sôfrego Bocejo
Desencontrando-se enquanto gemia
E desejando bem mais que o desejo
E quando o salto voltou ao chão
Seu corpo nu,num balanço lento
Estremeceu ao sentir na mão
O frio e triste roçar do vento
E riu-se assim,de satisfação
E a pedra nua que desafia o ar...
E a tarde escura como um cantochão...
E as gaivotas que cismam em cantar...
E a menina que saltou da pedra
Desceu ao fundo do "Primal Prazer"
No gozo intenso da infinita queda
E ela,em si, deixou-se de ser...


Impressões sobre Deus

Deus, velho sádico e pornográfico, sentado na imensidade, pitando cachimbo, compondo poemas, e músicas, movimentos...
Tudo que escreve com estrelas cadentes, reflete-se cá embaixo...
Vejo o mar, Soneto sem fim...
Ouço o vento, Tango psicodélico...
Mais excitado, pita com mais força!
Nuvens! Tempestades! Trovões!
Peito ofegante, liberta seus versos! Cenho franzido, suado!
Dedos trêmulos, nervosos!
Poesia, poesia, poesia!
Digreções e eufenismos e superlativos (o mar, suponho)
Melodias (o vento), vogais temáticas, paradigmas verbais (Somos nós, o "verbo" conjugado...Ser e Estar)
Pensa Ele " O verso final!"
"Verso final, duro e sublime, simples e complexo, com significado mas perfeito na forma"
Por-do-sol!
Ou morte...
Faz sentido...Por hora, por-do-sol....
Dá as costas, não precisa que comentem sobre sua obra... ( Diz ele que é perfeito)
Vai deitar...amanhã repete seu trabalho
A noite chega, estamos sós...
Apenas com alguns vesos diante de nós...
Sozinhos, graças a Deus!
A noite, agora...Página em branco....
A noite, fria, simples e entorpecente...
Vadia, sacana, decadente...

- A noite, Poesia dos Homens!
(Zé Gabriel F.)

Sono ao entardecer (Série: Eros & Psique)



Ruido, roçar...
As fibras de algodão no gancho...
Ferro, pano, pele...é tudo que importa agora...
Bocejo...
Cheiro teu cabelo, tua nuca...
Vira prara mim, me beija...
Docemente
Braços, pernas, nós...Serpentes que me apertam com serenidade...
Olhos, bem próximos...
Mãos, cabelos...Saliva, sede, sensasões...
Palavras no ar, balbúcios...
-Te amo? Não sei, sinto sono...Só sono...
Teu corpo, o meu, a rede, o mar...O sol cai...
Lentamente...
Alfazema, teu cheiro em mim...
Quase não sinto o meu corpo...É sono, digo...
Tranquilidade, marasmo...
O mar é lindo!
O mar...
Você...
A rede...
Fecho os olhos, sinto sua respiração, na minha boca...
Depois, nos meus olhos...Caio no sono...Você também...
O sol também
O mar também
A rede também
Tudo está vazio...
E simples...
Só nossos corpos, e o espaço-tempo mínimo entre respirar, sentir e amar você...

Epifania Analógica. Poema da série " Eros & Psique"

"Oh, sejamos pornográficos! Docemente pornográficos!" (Carlos Drummond de Andrade)


Flor do vale oculto, com lábios e pétalas vermelhas...
Pulsantes...
Toco, calado, como o vento a roçar suas coxas,
E sinto! Tua flor se abrir pulsante,pulsante, pulsante...
Antes, sutilmente
Teus dedos, teus seios...
Fiz da língua, mar revolto, sem fim
Mamilos rígidos, ressaca de água e sal...
Bufante, sorri assim meio de lado...
Geme...Trêmula carne macia...
Roço em tua nuca, queixo, nariz, têmporas
Deleito-me...
Tua flor se abre!
Silenciosamente foi no início!
Com pulsar e urros no final!
Não sabia que eu, simples mortal
Podia alí, naquele vale entre coxas
Despertar um Deus!

Diálogo real





" A vida é tão bonita, né? E tão triste também...Acho que a vida só é bonita por que é triste, né..."


Frase genial de uma criança de oito anos...Respondi:


"Pois é, só a tristeza é sublime ao ponto de anular o que há de feio nela, entendeu?"


Ela respondeu:


"Não... Mas senti!"


(Por isso tão sábias...Elas só sentem...Não procuram entender...)






O Ego e a Neura (Mini conto filosófico)

Numa bela tarde, olhou-me com seus olhos de Capitu e disse:
- Talvez veja o mar no domingo...A ressaca...

Quis eu me convidar, mas fiquei calado, esperando o convite...
Convite que não veio...
E 10 minutos depois, não veio...
E 15...
E 30...

[Neura]
"Provavel que vai se encontrar com os seus...E não quer que eu vá...Provavel que me tem vergonha...Prvavel que abomine minha companhia...sóme atura agora pois não há escapatória...Provavel que me odeia, provavel que me tenha um desprezo horrível...Vou despreza-la também! Vou odiá-la também!"Bandida", pensava...lembrava de todos os nossos desentendimentos! "Vais ver"Oxalá, caia de cabeça! Oxalá seja assaltada! Oxalá, morra! Vais chover!Vais ventar!As vagas vão arrastá-la! Oh Deus, Senhor dos exércitos! Faz de mim a espada de suaira! Que as pragas do antigo testamento caiam sobre ela! Cigana! Dissimulada! Comesses olhos que o Diabo lho deu!Com esses Olh..."

- Será que vamos ver o pôr-do-sol? Faz frio, e está nublado...
Passou os dedos longos no meu cabelo.

Sorrizo largo e satisfeito, disse que sim, que essa época do ano no Arpoador,o
sol se pões no Dois Irmãos (O mais belo pôr-do-sol de lá)

[Ego]
Ora, vejam só! Vai entender essa aí! Arrependeu-se, e agora quer que eu vá!

- Vá lá, fotografe, depois me deixe ver...Tenho coisas a fazer domingo...
-Ah, então não vou! Disse decepcionada!

Não preciso da pena dela...Ora, vejam só!

(Zé Gabriel F.)