" Em verdade vos digo :
Seja a Alma grande ou pequena,
escute meu amigo!
Nem tudo vale a pena!"

(zé)

Três II

Essa série de poesias e textos é sobre um passado recente. Espero que aqueles que são citados (tão sutilmente) nessa série, leiam. Por que é para eles.

Éramos três, fomos dois. Sou um.
Dentro de um, o que dorme é perfeito
mas só dorme. Por que é perfeito.




O AMOR ANTIGO


O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.


(Carlos Drummond de Andrade)

Três.

Não.

Menos que chuvas de verão
sorvetes de baunilha
cheiro de fogueira
mar, campo
sol nos manacás
menos que isso
nós, além da carne prestaremos
seremos luz
agora, por hora, enquanto escrevemos
não.


Nazca.

Promessas,
[eu vejo, telas brancas
Beija-flores.]
Antes que venham me tomar pela mão
antes que venham beber da minha urgência
antes que, talvez, venham matar minha sede
Parem no portão e pensem duas vezes
antes de me acordar de qualquer delírio
-Somos pó varrendo pó. Pó cheirando pó
-Pó soprando pó. Pó amando pó.
Cicatrizes imortais na pele do deserto.
Nada.




Poética da Intorpecência.

- Foi Dito que somos pó, meu amor.
E ao pó retornaremos
antes disso, cheiremo-nos!
Garçom,dois canudos por favor!