" Em verdade vos digo :
Seja a Alma grande ou pequena,
escute meu amigo!
Nem tudo vale a pena!"

(zé)

Carta (Dia 23 de Maio,Outono,Lua cheia,2008)

(Carta escrita para um velho amor não-correspondido)


Decorei tua boca...
Decorei a forma dela, as curvas...
O modo como ela fica quando
Você está pensando... Semi-aberta... Com os dentes a mostra
Decorei tuas falas, decorei teu modo de andar... Decorei teu olhar desconfiado, olhando pra mim... escutando...
Decorei tua risada...
Tem uma foto tua no meu quardo...
Você olhandopra mim...
Até eu pegar no sono...
Decorei teu sono, teus sonhos...
Decorei poemas que me lembram você
Decorei tua fita no cabelo... Decorei teu soriso... Ah o teu soriso! Olhou pra mim, numa tarde de Outono... E riu... Satisfeita... Foi aí que eu percebi que era preciso te decorar... te gravar em mim
Foi aí que percebi que você era meu minotauro... Me perdi no teu labirinto... Minha Quimera... Quimera... Quem dera!
Repito sempre... Tento enterrar minha esperança no jardim
Mas quando o trabalho está terminado, nascem lírios da cova... Malditos sejam todos os lírios!
Malditos sejam os dias de sol!
Malditos sejam os sete mares!
Quimera... Sonho... Devaneio... Fantasio nossa vida juntos... É cruel... Cruel é dizer que me ama... E me ama... Será?
Te amo de todas as formas... Te desejo... Se você soubesse o inferno que vivo... Inferno que vivo do teu lado... Um inferno com um gosto doce de Halls de uva-verde... Com sons da Lapa... Um inferno com o clima do Arpoador... Um inferno com tardes incríveis e sols nascentes apoteóticos... Nasce o dia do teu lado da Kombi... Te vejo dormir... Te toco sem saber
Quimera... Me vem na cabeça... Quimera! Quimera! Acorda,homem!
Ela não! Ela nunca! Nunca... Nunca? Será? Sim... Será,sim! Uma vertigem... Caio no braços de outra qualquer... Bêbado... Chamo... Troco o nome da outra pelo teu... Sempre o teu nome... Te chamo... Amo a outra... Mas te imagino... Não posso! Não devo! Não quero!
Decorei tua cara lavada...Falando dos outros do teu coração...
Vontade de morrer...Vontade de matar todos! Com requintes de crueldade... Vontade de te ver feliz... Seja feliz...
Quimera...
Não! Ela será!
Os braços de outro serão o abrigo dela... E eu... morro... Não tereimais um propósito... Seja feliz... Viva um amor... Serei feliz por você... E morrerei... Como Baudelaire... Na sarjeta sujo com os seus poemas malditos... Mas serei feliz, pois estará feliz...
Decorei a cena... Teu soriso destinado á outro... Meu choro destinado á eternidade... Nós dois destinados a um eterno inferno... Meu inferno é doce...
Quimera... Quimera... Quimera... Quimera...
Jogo o pano... Desisto... Desisto?
Te vejo no cinema às 14:30.

Minha querida Minotauro
Fim...Fim?
quimera...quimera..quimera...

(Gabriel Zé F.)

O Deus Natural

Saí uma madrugada dessas sem nenhum intuito, só por sair...Fui descalço, sentindo o asfalto frio sob meus pés, sentindo aquele cheirinho típico da madrugada.Aquela brisa fria invadia a minha alma e arrepiava todo microporo da minha pele!Percebi que era primeira vez que me sentia sólido em toda área que ocupava..Muita gente passa a vidainteira sem sentir que é realmente sólido... Só escutava o vento fraco e gélido roçar a minha pele, minha respiraçãotranquila e os cães latindo... Os cães latindo... Os cães latindo... Aquilo era lindo! Aquele som, aquela sinfonia!Toda a melancolia soturna que só os cães da madrugada conseguem transmitir! Tudo parecia sólido agora... Tudonaquele cenário parecia tomar uma solidez, uma sobriedade incrível... Tudo ganhava uma concreticidade absurda!Nada parecia mais tão irreal como eu enxergava... Eu mesmo me sentia concreto, real, e pela primeira vez, vivo!Nenhum pensamento me passava pela cabeça, nenhuma ponderação, nenhuma lembrança de nada... Caminhava sem intuito, sem saber para onde ia, apenas seguia as minhas pernas... Não sentia medo, nem vergonha, nem nenhuma destascoisas que nós humanos chamamos de "sentimentos"... Só sentia uma coisa: Vontade... Vontade sobrepujando tudo!Vontade acima dos prazeres, acima até da minha existencia... Não me sentia mais senhor de mim...Sentia que faziaparte de algo muito maior... E era apenas um pequeno objeto, uma pequena engrenagem de uma máquina perfeita!Vagava...Vagava... Sem saber pra onde ia... Era feliz! Não feliz como nós homens costumamos imaginar, mas uma felicidade sossegada, uma felicidade sublime...Um "Nirvana"... Não me sentia mais um homem... Não me sentia mais uma pessoa comum... Era estranho! Me sentia completo,mas aomesmo tempo não me sentia! Na hora, eu só quis aproveitar aquela sensação... Mas não tinha outra escolha...Começei a correr! Corria insandecido, sem direção, apenas obedecendo a vontade, o desejo, a paixão, o INSTINTO!Eu havia encontrado o elo perdido entre a Alma e o Espírito... Creio que a alma nós construímos... todas as nossas experienciasas nossas convenções, os nossos princípios e tudo que construimos na vida civilizada...Na vida social...O Espírito é o contrário... É aquilo que já nasce conosco... É o nosso primeiro suspiro, nosso primeiro choro... É a paixão, é a fúria, o ódio...Não o desejo, mas sim a vontade! A vontade que ocultamos, o instinto selvagem que nósnos obrigamos a esconder na mais profunda alcova do nosso ser.... E quando nós deixamos esta liberdade animalescadominar a nossa possibilidade de ser e estar, finalmente descobrimos a felicidade pura e simples... A felicidade de apenas"Ser" e "Estar" ! Sem motivos...Sem planos... Sem desejos... Apenas a Vontade inaudita que nos impulsiona á seguir,a fazer o que o nosso espírito nos ordena... Aquilo que move os animais, aquilo que faz a vida ser como é,simples e perfeitaem seus milagres e suas misérias, um ciclo eterno...A potência primal, a força titãnica e irracional, a centelha etérea, o que põe o universo em marcha...Naquela madrugada, Despertei o Deus que havia dentro de mim...

Eros & TV


Amor só existe em par...
Quando só, paixão...
Amor só existe em liberdade...
Quando preso, conformismo...
Amor só existe na alma...
Quando na carne, desejo...
Amor só existe em novela...
Quando na vida, não há!

-Liga a tv, e vem! Vamos ver como é amar!

(Zé Gabriel F.)

Ciranda da Borboleta


" Ah! Essa dona Borboleta
Que brilha no ar, qual estrela bailarina!
Ah! Essa dona borboleta
Que dança no céu, curte a brisa vespertina!

Ah! Essa dona borboleta
Que veio pousar na palma da minha mão!
Ah! Essa dona borboleta
Que tem um lugar no meu triste coração!

Ah! Essa dona borboleta
Que segue a estrada buscando o seu par!
Foi essa mesma borboleta
Que me mostrou que a estrada é meu lugar! "

(Zé Gabriel F.)
Para uma amiga recente...