Quando talvez em sonho
Sonharmos com nossa casa de janelas grandes
onde possamos ver a chuva
Onde não seríamos nós, cansados der ser nós....
Se houvesse mais paixão onde antes existia o amor
Talvez as janelas fossem reais, a chuva fosse real...
Tudo é irreal, mesquinho e azedo.
E chuva inexistente, inexplicável
Cai insistentemente nesse verão...
Vou, talvez, quem sabe, procurar outra irrealidade
Amor não, paixão não, talvez alguma vontade de não passar
o carnaval sozinho.
Para Pessoa[s]
Não me vale o perigo
muito menos o alarde
Não que eu seja retido
Nao que eu seja covarde
Em verdade vos digo
Seja alma grande ou pequena
Ouça bem, meu amigo!
Nem tudo vale a pena!
No espelho do mar
Pode pentear-se o céu
Mas não se pode negar
Que o abismo Deus lhe deu
E que na flor, o perfume
Só dá guarida ao espinho
Pode ser bela em seu ninho
Mas se alimenta de estrume.
(Fotografia e Poesia de Zé Gabriel F.)
[Da série : A dona do meu Nariz]
Amor IV
Eu não sou este que escreve.
Não sou este que ignora.
Não sou este que mente, que é egoísta.
Sou o perdão e o perdoado
O irmão e namorado
O amado e desalmado
O teu passado.
Sou aquele que escreve
tanto quanto sou essas letras
...tinta num papel branco...
desesperado que me leia!
Não ser, não nega o fato
e pra mim, já basta este fardo
De nada ser, a não ser
Teu passado.
O último da série.
Eu não sou este que escreve.
Não sou este que ignora.
Não sou este que mente, que é egoísta.
Sou o perdão e o perdoado
O irmão e namorado
O amado e desalmado
O teu passado.
Sou aquele que escreve
tanto quanto sou essas letras
...tinta num papel branco...
desesperado que me leia!
Não ser, não nega o fato
e pra mim, já basta este fardo
De nada ser, a não ser
Teu passado.
O último da série.
[ Da série ; A dona do meu nariz. ] Domingo dos olhos.
Não me lembro do nome das coisas
Não me lembro das regras e acentos
Me perdi na meada e no fio
Não me lembro das estações
Nem a última vez que vi chuva
nem a cor dos meus sapatos
Não me lembro se deixei o gás ligado
Não me lembro do nome do poeta
Não lembro da minha certidão de idade
Lembro sim, de dois olhos negros
No amanhecer do dia que comecei a me esquecer das coisas...
Não me lembro do motivo
Lembro dos olhos!
Olhos que trovejavam!
Dois olhos negros, negros como o vazio
Negros como o esquecer
Tudo são aqueles olhos
tudo é negro e trovejante
e não me lembro porquê.
Não me lembro das regras e acentos
Me perdi na meada e no fio
Não me lembro das estações
Nem a última vez que vi chuva
nem a cor dos meus sapatos
Não me lembro se deixei o gás ligado
Não me lembro do nome do poeta
Não lembro da minha certidão de idade
Lembro sim, de dois olhos negros
No amanhecer do dia que comecei a me esquecer das coisas...
Não me lembro do motivo
Lembro dos olhos!
Olhos que trovejavam!
Dois olhos negros, negros como o vazio
Negros como o esquecer
Tudo são aqueles olhos
tudo é negro e trovejante
e não me lembro porquê.
[ Da série ; A dona do meu nariz. ]
Três II
Essa série de poesias e textos é sobre um passado recente. Espero que aqueles que são citados (tão sutilmente) nessa série, leiam. Por que é para eles.
Éramos três, fomos dois. Sou um.
Dentro de um, o que dorme é perfeito
mas só dorme. Por que é perfeito.
O AMOR ANTIGO
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
(Carlos Drummond de Andrade)
Éramos três, fomos dois. Sou um.
Dentro de um, o que dorme é perfeito
mas só dorme. Por que é perfeito.
O AMOR ANTIGO
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
(Carlos Drummond de Andrade)
Três.
Não.
Menos que chuvas de verão
sorvetes de baunilha
cheiro de fogueira
mar, campo
sol nos manacás
menos que isso
nós, além da carne prestaremos
seremos luz
agora, por hora, enquanto escrevemos
não.
Nazca.
Promessas,
[eu vejo, telas brancas
Beija-flores.]
Antes que venham me tomar pela mão
antes que venham beber da minha urgência
antes que, talvez, venham matar minha sede
Parem no portão e pensem duas vezes
antes de me acordar de qualquer delírio
-Somos pó varrendo pó. Pó cheirando pó
-Pó soprando pó. Pó amando pó.
Cicatrizes imortais na pele do deserto.
Nada.
Poética da Intorpecência.
- Foi Dito que somos pó, meu amor.
E ao pó retornaremos
antes disso, cheiremo-nos!
Garçom,dois canudos por favor!
Menos que chuvas de verão
sorvetes de baunilha
cheiro de fogueira
mar, campo
sol nos manacás
menos que isso
nós, além da carne prestaremos
seremos luz
agora, por hora, enquanto escrevemos
não.
Nazca.
Promessas,
[eu vejo, telas brancas
Beija-flores.]
Antes que venham me tomar pela mão
antes que venham beber da minha urgência
antes que, talvez, venham matar minha sede
Parem no portão e pensem duas vezes
antes de me acordar de qualquer delírio
-Somos pó varrendo pó. Pó cheirando pó
-Pó soprando pó. Pó amando pó.
Cicatrizes imortais na pele do deserto.
Nada.
Poética da Intorpecência.
- Foi Dito que somos pó, meu amor.
E ao pó retornaremos
antes disso, cheiremo-nos!
Garçom,dois canudos por favor!
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