" Em verdade vos digo :
Seja a Alma grande ou pequena,
escute meu amigo!
Nem tudo vale a pena!"

(zé)

Para Pessoa[s]




Não me vale o perigo

muito menos o alarde

Não que eu seja retido

Nao que eu seja covarde

Em verdade vos digo

Seja alma grande ou pequena

Ouça bem, meu amigo!

Nem tudo vale a pena!



No espelho do mar

Pode pentear-se o céu

Mas não se pode negar

Que o abismo Deus lhe deu


E que na flor, o perfume

Só dá guarida ao espinho

Pode ser bela em seu ninho

Mas se alimenta de estrume.






(Fotografia e Poesia de Zé Gabriel F.)

[Da série : A dona do meu Nariz]

 Amor IV

Eu não sou este que escreve.
Não sou este que ignora.
Não sou este que mente, que é egoísta.

Sou o perdão e o perdoado
O irmão e namorado
O amado e desalmado
O teu passado.

Sou aquele que escreve
tanto quanto sou essas letras
...tinta num papel branco...
desesperado que me leia!

Não ser, não nega o fato
e pra mim, já basta este fardo

De nada ser, a não ser
Teu passado.



O último da série.

[ Da série ; A dona do meu nariz. ] Domingo dos olhos.

Não me lembro do nome das coisas
Não me lembro das regras e acentos
Me perdi na meada e no fio
Não me lembro das estações
Nem a última vez que vi chuva
nem a cor dos meus sapatos
Não me lembro se deixei o gás ligado
Não me lembro do nome do poeta
Não lembro da minha certidão de idade

Lembro sim, de dois olhos negros
No amanhecer do dia que comecei a me esquecer das coisas...
Não me lembro do motivo
Lembro dos olhos!
Olhos que trovejavam!
Dois olhos negros, negros como o vazio
Negros como o esquecer
Tudo são aqueles olhos
tudo é negro e trovejante
e não me lembro porquê.