Da Série 'Na Ilha' ( Ao Amor Que Insistimos)
"(...)Desenlacemos as mãos, porque nao vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes."
(Ricardo Reis)
Ao amor que insistimos
e que de nada valeu
a teimosia:
Deixai, Clarisse, que as coisas
se ajeitem por elas mesmas
não vale o maior desassossego
ao amor que tem por início
um fim
Deixai, clarisse, que o mar
bata nas pedras, sem mesmo
se dar conta das pedras.
Ele flui,e se desfralda,e se enrrola
sem mesmo dar-se conta de si
E se o mar, que é tão infinito e poderoso
quantos os deuses
nem se sabe
por que devemos nos saber?
- não vale a pena, Clarisse.
Deixai que sejam nossos
os desassossegos
não compartilhemos com os outros
que sejam sacros
por só nossos
como um segredo dito em músicas
de resistência
seja sacro o segredo, por só nosso
cristalizado, firme, rígido
mesmo que sejamos de alma pequenina
deixai o amor que insistimos teimosamente
não vale cançarmo-nos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Olha... você me inspira...
E não é só pra escrever não...
É pra viver...
"não vale o maior desassossego
ao amor que tem por início
um fim"
Não vale, não vale mesmo...
"Amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
(...)
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma, para eternidade.
Se isto é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou."
Shakespeare
"seja sacro o segredo, por só nosso
cristalizado, firme, rígido
mesmo que sejamos de alma pequenina
deixai o amor que insistimos teimosamente
não vale cançarmo-nos"
Lindoo Amei.
Muito bom, meu caro!
Teu poema tem um ritmo fluido que convida à leitura, e uma construção que casa muito bem com o conteúdo. Gostei!
Abraços!
esse tbm se me liguei rsrs
Postar um comentário