"(...)Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa! "
(Raimundo Correia)
ABAIXO A CARA-PINTADA
Você,menina, que me diz,
que eu nego a felicidade,
Que assim não serei feliz...
Você que nega a realidade,
Pintando o próprio nariz!
Digo menina,sem maldade:
-Pintar o rosto,eu nunca quis!
A pasta d'água é falsidade!
De quem finge felicidade,
mas no fundo vive infeliz...
Há tanta gente pintada no mundo
pintam ums sorrizos gigantes!
Pintam um verso profundo
da vida,dizem-se amantes...
Falsidade,menina,é falsidade!
É auto-defesa,sei que é!
Não há amor, nem felicidade
não há esperança,nem fé...
Eu não me pinto,menina,sou verdadeiro!
meu pranto eu deixo o mundo ver!
Com ele eu me lavo por inteiro
E deixo a ferida doer!
Meu banzo,menina,é puro sentimento!
Sou humano,não palhaço fingidor
Eu canto os meus descontentamentos
Eu faço odes para a minha dor!
Sou humano,menina,sou anjo caído
Sou o fruto do pecado de Adão
Sou verdadeiro no que tenho sentido
Não vou me vestir de colorido
Não vou me enfeitar de ilusão!
Entenda menina,este dismilingüido
Poema em auto-contradição
Não sou?Não finjo ser,nem ter sido!
Não vou me pintar de colorido
Nunca trairei minha razão!
Serei o que sou,sempre teu amigo
Companheiro,confidente,irmão...
Mas se me quiser andando contigo
Aceite a franqueza do meu coração!
(Zé Gabriel F.)